sábado, 19 de dezembro de 2009

O dia em que eu quase fui preso

É isso mesmo que vocês estão lendo, caros leitores. Ontem, 18 de dezembro de 2009. Eu e mais quatro amigos fomos abordados por 4 policiais e quase fomos parar na delegacia. Vai ser um relato um pouco confuso, mas espero que me entendam. Vou explicar.


Estávamos os 5 no carro, logo depois de termos comigo hamburgeres e tomado Coca cola. Parados no sinal, estávamos rindo de algum comentário engraçado feito por algum de nós, e pro nosso azar pára ao nosso lado um veículo da polícia militar. Eis o nosso crime. Estávamos rindo, parados no sinal, ao lado de um veículo da polícia.


Aqui cabe um comentário. Onde estávamos com a cabeça de cometer tamanho erro?! Todos sabemos que não é permitido rir dentro do carro, ainda mais se for parado num sinal ao lado de dois policiais.


O policial que guiava o veículo, que doravante chamarei com o pseudônimo de Guarda Belo, fez sinal pra que parássemos o carro.


“Desce do carro todo mundo! Na calçada, documento não mão. Anda!” – disse em tom alterado. “Cês tão rindo de que? Ein? Cês gostam de rir? Então conta a piada que eu também gosto de rir!” O oficial falava num tom adequado a quem estava a no mínimo 30 metros de distância, embora estivesse a não mais do que 3 metros de nós. “Cês tão vendo alguém com cara de palhaço aqui? Tem algum palhaço aqui? Responde!”


– Não senhor. Na verdade a gente...


“Quem fala aqui sou eu. Cê num vai falar nada. Eu falo e ocê escuta. Só vai falar quando eu quiser que ocê fala! Quê que cês faz da vida?! Ein? Quê que cês é?”


– Estudantes! – A resposta veio em uníssono.


“Estudante... E é isso que cês aprenderam? É? Cês aprenderam é a ficar fazendo chacota? Ficar fazendo gracinha? Ficar olhando e rindo de quem tá trabalhando? Foi isso? Cês num tem vergonha não? Cês devia era ter vergonha!”


O PM chamou pelo rádio os outros 2 policiais que faziam parte do grupo. Ao chegarem, foram recebidos com um “Onde cês tava? Tem que andar junto uai! Eu aqui precisando e ocês pra trás!”. Guarda Belo interrompeu seu show, digo, seu sermão, para falar ao celular com a delegacia, pelo que pareceu. Ao se afastar um pouco, um comandado do Guarda Belo se aproximou de nós, e deu ouvidos ao que tínhamos tentado dizer repetidas vezes ao seu amado mestre.


– Nós somos amigos, não nos vemos há um certo tempo, porque cada um tá morando em um lugar diferente... A gente só tava se divertindo no carro. Rindo de uma piada como todo mundo faz.


“É, eu entendi. Só que pareceu que vocês estavam olhando e zombando do Guarda Belo. Foi uma interpretação dele. Ele entendeu que vocês estavam rindo dele, por isso aconteceu a abordagem.” – explicou o policial, de patente ainda mais baixa do que a do Guarda Belo.


De volta, pareceu que Guarda Belo notou que daquele mato não ia sair cachorro. Não havia nada de errado. E não sei se por coincidência, o foco do discurso dele mudou de todos nós pra apenas um, o que dirigia o carro, “José”. Digo que não sei se por coincidência, porque notamos que um dos policiais reconheceu um de nós, “Maurício”, filho primogênito de alguém que poderia causar sérios incômodos ao Guarda Belo. Entendam como queiram.


Belo começou então a destinar seu impropérios ao “José”. Não cabe reproduzir o discurso, que foi tão sem pé nem cabeça quanto o que já transcrevi. Só vale dizer que ele até se dispôs a recorrer aos meios jurídicos. Ele, o Guarda. Ficou a curiosidade de qual seria a alegação. Felicidade em vias públicas? Excesso de riso?


A abordagem terminou sem mais ações. Nem mesmo uma revista. “Vou liberar ocês. Se eu achasse que ocês era marginal eu revistava, fazia o procedimento. Num tava nem aqui conversando. Eu consigo ver que ocês não são ruins pessoas” (sic)


Aqui termina o relato e começa o desabafo


Me deixa muito triste ter que dizer isso. Mas é evidente o despreparo de alguns membros da polícia militar desse país. E justamente da polícia mineira, tida como exemplo no Brasil. É fato que não são todos, e felizmente não são. Mas um indivíduo desequilibrado desses pode causar uma tragédia com essas atitudes.


Se qualquer um de nós tivesse caído na armadilha dele e saísse do sério, certamente teríamos sido acusados de desacato, desrespeito, racismo e tudo mais. Seríamos levados à delegacia, pra aumentar o constrangimento que já houve. Sermos abordados de forma tão ostensiva, numa praça movimentada da cidade.


Torço pra que Guarda Belo nunca ocupe cargos mais altos de chefia. Ele já demonstrou arrogância suficiente com seus comandados. Já demonstrou não saber lidar com esse poder. Conheço várias pessoas que conseguem se impor sem ao menos alterarem o tom de voz.


Autoridade não pressupõe arrogância, meu caro Guarda Belo. Ao contrário. A autoridade acompanhada de leveza é muito superior. Eu no seu lugar me revestiria da credibilidade que a Polícia Militar de Minas Gerais ainda tem, e me imporia pelo respeito.


Faço minha uma pergunta sua: Foi isso que o senhor aprendeu na Polícia? A ser agressivo e autoritário com os cidadãos, que até prova em contrário, são inocentes?


E se nossa atitude era tão suspeita assim, porque não fomos revistados? Concordo plenamente que não é possível identificar um criminoso pela cara. Então porque não fomos revistados? Nesse momento eu poderia estar me vangloriando por estar com um cigarro de maconha no bolso enquanto ouvia o sermão do Guarda Belo. Ou por estar com uma pistola semi-automática no porta luvas do carro.


Agora me provem que Guarda Belo não queria apenas aparecer? Agora me provem que ele não queria mostrar serviço numa praça movimentada? Deu com os burros n’água, se queria um desacato, uma agressão moral. Não mostrou serviço no noticiário policial dessa manhã de sábado.


Enquanto jovens de 22 anos são executados a tiros em tentativas de assalto na cidade, 4 policiais fortemente armados abordam 5 jovens que estavam rindo. Jovens que assim como outras centenas estão fora da cidade pra concluírem seus estudos, mas que com toda a certeza levam a cidade com muito orgulho no coração. E ao voltarem pra cidade não podem sequer estar felizes de rever amigos, de andar pela cidade.


De fato esses policiais merecem as homenagens feitas recentemente, por estarem girando pela cidade dia e noite, garantindo a segurança da população. Palmas aos idealizadores dessa homenagem. Só fica a dica para que observem não a quantidade de abordagens feitas, a quilometragem rodada, ou o número de cafezinhos gentilmente oferecidos em qualquer padaria da cidade. Observem qual é o verdadeiro sentido de ser da Polícia Militar. Ou depois não me venham chorar o descrédito que é cada vez maior.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Notícias do dia de finados




Dispensa maiores comentários. E não pode ficar sem o selo:

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Feliz dia das crianças!

Andei meio sumido esss dias. Estou devendo uma postagem sobre o meu programa de rádio que estreou na última segunda: "Os Cozinheiros". Posto em breve!

Mas pra comemorar o dia de hoje resolvi postar um videozinho sensacional. Divirtam-se:


Garotinho esperto desde cedo né?! Como prometi que faria toda vez que uma afirmação pertinente e inquestionável fosse veiculada aqui no Notícias do Exílio, esse vídeo ganha o selo:

Garotinho,

domingo, 20 de setembro de 2009

Pará de Minas, 150 anos


Tudo começou com a figura lendária e controversa do bandeirante português Manoel Batista, o Patafufo...

Tudo começou em torno da Capela de Nossa Senhora da Piedade...

Tudo começou às margens do Ribeirão Paciência...

E hoje, cento e cinqüenta anos depois, venho falar da minha terra amada, Pará de Minas!

Que me desculpem os que não tiveram o privilégio de ter nascido no Pará. E aqui já cabe um parêntese: quem nasce aqui não não nasceu "em Pará", mas "no Pará". É a mais característica demonstração de proximidade, de afeto. Há quem seja ainda mais completo no sentimento, como minha amiga Adélia Salles, que sempre fala do Pará de Minas, bom e velho.

Fechando o parêntese, quem não é daqui pode não saber a real dimensão do ser paraminense (ou paraense). Citando novamente Adélia Salles, "o Pará é, não o lugar para o qual eu sempre vou, mas o lugar para o qual eu sempre volto".

O verdadeiro paraminense, por mais longe que esteja da cidade, é capaz de, com um simples fechar de olhos, rever a imagem do Cristo Redentor no alto da serra, abençoando a cidade. Mais do que isso. O verdadeiro paraminense tem no coração cada pedaço da cidade, assim como a imagem do Cristo carrega no seu coração de metal um pedaço de cada família paraminense.

E como bom patafufo, apesar de estar distante, tenho Pará de Minas dentro de mim, e não podia deixar de prestar minha singela homenagem nesse dia.

Pará de Minas completa 150 anos de uma linda história, e deixo aqui o trecho do hino da cidade que se repete na minha cabeça toda vez que penso nela. Como muito bem escreveu Padre Hugo:

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"Eu te amo meu Brasil!"


Começo com um trecho de uma música um tanto quanto controversa, escrita durante a era negra da história do Brasil. Dom e Ravel fizeram sob encomenda do Regime Militar a letra de "Eu te amo meu Brasil", que exaltava as belezas da pátria, numa época em que o que menos interessava ao governo era deixar que os podres do país chamassem atenção.

Independente da motivação para escrever a canção, fato é que ela diz muito. Não pretendia escrever sobre ela, mas ela e muitas outras vão me ajudar a dizer o que sinto por esse país...

Minha real intenção hoje, 7 de setembro de 2009, é falar do Brasil. Falar do quanto amo esse país. Reclamar do país é moda, e não estou nem aí pra isso. Não há Sarneys nem gripes suínas que me façam mudar de idéia: "Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil!".

Acredito no Brasil apesar de tudo. Há violência, há fome, há corrupção, mas há acima de tudo no coração e na alma do brasileiro o bem, a determinação e a força. Esse sim, a despeito dos mais pessimistas, "é um país que vai pra frente!".

É bom sentir amor por esse país. Ouvir essas canções patrióticas me faz encher o peito e cantar orgulhoso, sem pudores. É um sentimento bonito, revigorante, fortalecedor, motivador! "Como é sublime saber amar, com a alma adorar a terra onde se nasce. Amor febril pelo Brasil...”

“Do universo entre as nações resplandece a do Brasil!”, país belo, forte, impávido colosso! Entre outras mil será sempre minha pátria amada. E caso um dia me afaste da pátria amada e idolatrada, “não permita Deus que eu morra sem que volte para lá!”

Termino por aqui minha homenagem à terra adorada.

Do filho deste solo,

Conrado Moreira